segunda-feira, 13 de abril de 2009

Solidão

Às vezes me atordoa
outra vezes me alivia
Vira nostalgia e angústia
Vira promessa de vida nova
Dói como facada no peito
Cura como bálsamos as feridas
O que é de fato a solidão?
Tempo de vazio?
Tempo para entrar no eixo?
Seria castigo?
Seria tempo para me reformular?
Parece uma briga entre amor e ódio
Uma discussão entre otimismo e saudade
Um debate entre a vida e a morte
Para onde está me levando a solidão?
Cristina Lima
08/04/2009

Peço licença

Peço licença a platéia circense
fecho agora as cortinas para as gargalhadas frenéticas
partindo do picadeiro para o palco
conquistando sorrisos e aplausos
me destinando ao pódio no primeiro lugar no topo do mundo
nos braços do Supremo radiante de felicidade
pela filha que se foi e voltou
pela filha que tropeçou, mas levantou e venceu.


Cristina Lima
13/04/2009

Da insensatez a restauração

Dias e noites incontáveis vezes em silêncio te chamei
Meu olhar cansado e desnorteado
num imenso vazio te procurou
Minha alma cansada sem razões ou rumos
na ânsia dos teus braços num abismo se lançou
Ruas e ruas andei tentando chegar
onde nem mesmo eu sei
pela simples e insensata sensação nunca correspondida
de que no final da caminhada te encontraria
Minha mão estendi em busca do teu socorro
mas nada além do nada encontrei
O mais alto que pude gritei implorando por você
Entre lágrimas e dor te busquei freneticamente
Entre clamores de desespero desabafei
Entre promessas de um coração chagado por amor me entreguei
Bebidas, amores, cigarros e danças me seduziram
compondo o espectáculo da minha vida que piratearam sem patentes
ansiando por um grande final onde a bandida é condenada cruelmente
sugando até o último suspiro do meu eu
deteriorando os retalhos do meu coração
Me agarrei a isso tudo como fuga para a insensatez
que me cercava e ameaçava
da qual nada nem ninguém me defenderia
no momento da minha solitária incapacidade de raciocínio
Sem condições para o equilíbrio
Perdida entre o medo e a angústia
Surpreendida pela rasteira da vida
Depois num cantinho gelado e frio me encolhi
e amedrontada me escondi diante da minha dor e do pavor ao ver
o que se levantava diante de mim
dizendo a mim mesma que aquilo era eu
tentando em pânico fugir da outra que me dominava
Soluçando baixinho e escondida roguei por ajuda
enquanto lá fora mãos auto-nomeadas mais limpas que as minhas se preparavam para me apedrejar
até mesmo pelo que eu não disse, não fiz e não senti
Aqueles gritos condenadores disfarçados naquele hipócrita silêncio coletivo me atordoavam
Não me foi permitido saber
Não me foi permitido sentir
Não me foi permitido falar
Então, dos Céus surgiu o meu socorro
cegando-me com imensa luz
aquecendo meu coração
inundando minha alma
renovando minhas forças
Cega não enxerguei nada a temer
Com coração aquecido não sofri com os maus juízos sobre mim
Com alma inundada de graça não ressenti
Com força renovada me ergui
Na presença de Deus ressuscitei pela provação que passei
pela penalização que paguei
pela restauração que Ele me fez
Um novo mundo me foi apresentado
Não me causa falta o que veio antes que Ele me resgatasse
Não me causa pretensão ter chegado aqui mais acima primeiro do que os que ficaram
Apenas a felicidade pela certeza do perfeito recomeço com Deus
Confiando em Suas palavras que garantem:
As injustiças serão recompensadas
As condenações serão arrebatadas
As incompreensões serão apagadas
Mesmo que já bem distante da forca eu esteja
Aos que feri injustamente a confirmação Divina do meu real arrependimento virá
A lembrança do meu sincero pedido de perdão será relembrado
De alguma forma Deus compensará qualquer mal que eu tenha provocado injustamente
pelos quais seguramente já paguei sem reclamar nenhum segundo
E o meu recomeço já é testemunho da presença de Deus entre os que são vistos como indignos,
pois o Justo escolhe exatamente os desgarrados para recompor seu exército
e reveste de força e fé maior do que nunca tivesse tropeçado
Assim para sempre será...
Cristina Lima
13/04/2009